Mais Simples

Outro dia estava examinando materiais de formação e funcionamento de Pequenos Grupos/Células, e me surpreendi com o volume de situações, grau de dificuldade e complexidade dos mesmos. São tantos nomes, tantos, emblemas, tantas insígnias, tantos passos, tantos degraus, que cansa só de ler. Cada um que chega parece querer colocar a sua marca, a sua ideia, seu estilo, e aquilo vai inchando como um grande bolo numa forma pequena. Dia desses fui ajudar minha esposa a fazer um bolo. Depois da massa pronta ela me pediu para colocar numa forma e depois pôr no forno. Fiz tudo direitinho.

Não demorou muito começou a aparecer um cheiro de queimado. E quando fomos ver, percebemos que a forma estava pequena demais para a quantidade de massa que começou a transbordar; e, no final, o bolo ficou murcho e queimado. Às vezes os Pequenos Grupos me parecem um bolo grande numa forma pequena. São tantos os ingredientes colocados, tantos detalhes e acréscimos que no final tudo parece se derramar pelas bordas, e tudo começa a murchar e a perder o sabor.

Também percebi que o preparo de líderes e seu desenvolvimento parecem uma carreira militar. Eu tenho formação militar e percebi isso muito bem. Em alguns casos lembra um recruta que vai crescendo até ser tornar um general; ou um grumete que vai se desenvolvendo até chegar a um almirante de esquadra. É muita coisa. São muitos detalhes, papéis, insígnias, bandeiras, faixas, camisetas, pavilhões, divisão, galardões…. E uma hierarquia cansativa e artificial. Para se chegar a líder principal de uma igreja é necessário passar por um número de requisitos, metas, postos e promoções inimagináveis. É assustador. Nada disso é bíblico, e muito pouco contribui na implantação, desenvolvimento e consolidação de um programa forte e consistente.

Pense nos apóstolos vivendo hoje. Pense no apóstolo Paulo vivendo hoje. Será que ele chegaria à sua igreja, abarrotado dessa parafernália toda? Será que a sua capacidade de convencimento estaria nesses apetrechos, alguns deles folclóricos? Os membros das igrejas talvez pensem que essa buginganga toda é recomendação bíblica para se fazer evangelismo e ganhar almas e ter sucesso nos Pequenos Grupos.

Não quero dizer que certos instrumentos não possam ser utilizados, que certos materiais ilustrativos nunca devam ser usados como motivação, mas precisamos cuidar para que a massa não fique muito maior que a forma, e o bolo transborde, queime e murche.

Há uma verdade que é quase um princípio: se você gasta mais tempo para explicar como fazer do que fazendo, algo está errado. Se você gasta mais tempo para explicar como uma máquina de moer milho funciona, mais tempo do que a máquina passa funcionando moendo milho, algo está errado ou com a máquina, ou com o fabricante ou com o operador.

Nós estamos em guerra. Não podemos ficar 15, 20 anos ensinando soldados a usar uma arma. Há igrejas estagnadas, desiludidas com seu programa, com sua liderança, enquanto existem milhares de almas a serem salvas. Não podemos ficar experimentando e trocando de equipamento; ou perdendo tempo com outros de pouca utilidade durante tanto tempo.

Oportuno ainda é lembrar que, quando um soldado vai à guerra, ele não leva muita coisa além do essencial E quando tudo é essencial, aquilo que é essencial deixa de ser. Entendo, claro, que existem algumas culturas que tem mais gosto por festas, por movimentos, por cores, etc.. tudo bem. Mesmo assim é necessário entender que estamos em guerra. Por isso necessitamos de líderes que pensem no combate, nos deslocamentos rápidos, na eficiência da tropa e na conquista do território. O erro de Israel foi achar que Canaã estava conquistada e começaram a inventar coisa.

E, finalmente, os combatentes precisam estar bem alimentados. Em muitas reuniões, encontros festivais, congressos, assembléias, o que for, precisa-se dedicar menos tempo aos discursos e promoções e mais tempo à oração e ao estudo da Palavra. O povo precisa sair não animado e eufórico, mais feliz e cheio do poder do Espírito Santo. O povo precisa de menos transpiração e mais inspiração. Assim o povo de Deus estará apto para os rigores de uma missão tão desafiadora, qual seja, a de consolidar a Igreja e salvar o mundo.

Falei de coração. Que Deus abençoe seu ministério, sua liderança, seu Pequeno Grupo, sua Célula.

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