Reavivamento e Reforma

Após a morte dos discípulos a igreja começou a se desviar da pureza do evangelho, e logo, os primeiros cristãos começaram a perceber a necessidade de uma reforma. Muitos deles, para viver sua fé, tiveram de fugir para lugares distantes da influência e poder da igreja dominante.

A partir do Século XII, alguns líderes piedosos e convictos começaram a lutar de forma organizada para que a igreja retornasse ao seu “primeiro amor.” Foram duramente hostilizados, maltratados e martirizados.  Esses movimentos  foram arrolados com outras tendências bizarras do mesmo período e passaram à história com o nome nada honroso de “heresias medievais.”

Mesmo depois de João Huss ter sido queimado vivo em praça pública, os cristãos não arrefeceram em sua luta; até que, no início do Século XVI, o monge e doutor Martinho Lutero teve sucesso em levar avante a reforma protestante.

Essa reforma do passado significou a restauração das verdades bíblicas; o retorno à Bíblia como “única regra de fé e prática.” O povo adventista se considera herdeiro desta grande revolução espiritual ocorrida no Século XVI, ao participar na restauração de verdades como a guarda do sábado e a doutrina do santuário. Com isto, encerra-se o capítulo da reforma iniciada na Idade Média.

Para nós, hoje, reforma tem um significado novo e diferente. É a luta por uma qualidade de vida cristã ideal, e um retorno aos princípios e às verdades bíblicas defendidas e vividas pelos pioneiros da fé, tendo em vista a salvação, o testemunho e o futuro. Esse retorno é pelo caminho de um despertamento, do reavivamento espiritual.

“Tocai a trombeta em Sião, e clamai  em alta voz no Meu santo monte. Perturbem-se todos os moradores  da Terra porque  o dia do Senhor vem, e já está próximo.”
“Agora mesmo, diz o Senhor, convertei-vos a Mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns,  com choro e pranto.”
“Tocai a trombeta em Sião, promulgai um santo jejum, proclamai uma assembléia solene. Congregai o povo, santificai  a congregação, ajuntai  os anciãos, reuni os jovens e as crianças! Que o esposo saia do seu quarto  e a esposa de seu aposento.  Chorem  os pastores, ministros  do Senhor, entre o alpendre e o altar, e orem: Poupa o Teu povo, oh Senhor!”
Joel 2:1,12,15-17.

1. Necessidade de um reavivamento e reforma

O povo de Deus precisa sentir em seu coração uma profunda e urgente necessidade de colocar sua vida à disposição de Deus e vivê-la de acordo com os reclamos divinos para este tempo.

“Haja uma reforma entre o povo de Deus.” – Mensagens aos Jovens, 317.

“Um reavivamento da verdadeira piedade entre nós, eis a maior e mais urgente de todas as nossas necessidades. Buscá-lo, deve ser nossa primeira ocupação. Importa haver diligente esforço para obter a bênção do Senhor, não porque Deus não esteja disposto a outorgá-la, mas porque nos encontramos carecidos de preparo para recebê-la. Nosso Pai Celeste está mais disposto a dar Seu Espírito Santo àqueles que Lho peçam, do que pais terrenos estão a dar boas dádivas a seus filhos. Cumpre-nos, porém, mediante confissão, humilhação, arrependimento  e fervorosa oração, cumprir as condições estipuladas por Deus em Sua promessa para conceder-nos Sua bênção.” – Mensagens Escolhidas v.1, 121.

“Tem de haver um reavivamento e reforma, sob o ministério do Espírito Santo. Reavivamento e reforma são duas coisas diferentes. Reavivamento significa renovação da vida espiritual, uma vivificação das faculdades do espírito e do coração, um ressurgimento da morte espiritual. Reforma significa reorganização, mudança de ideias, teorias, hábitos e práticas.” – Serviço Cristão, 42.

“O povo de Deus não suportará a prova a menos que haja um reavivamento e uma reforma entre o povo de Deus, mas esta deve começar sua obra purificadora entre os ministros.” – Testimonies, v.1, 469.

“Antes dos juízos finais de Deus caírem sobre a Terra, haverá, entre o povo do Senhor, tal avivamento da primitiva piedade como não fora testemunhado desde os tempos apostólicos. O Espírito Santo e o poder de Deus serão derramados sobre Seus filhos.” – Reavivamento e seus Resultados, 9.

PARA REFLETIR
Você entende que a reforma contribui com o reavivamento, ou são situações distintas e separadas?

2. Características do verdadeiro reavivamento

A. Aspectos a promover

Um reavivamento espiritual não acontece por acaso, nem de qualquer maneira. Ela tem características próprias que provam sua genuinidade, como por exemplo:

  • Espírito de oração;
  • Espírito de sincera conversão;
  • Espírito abnegado e generalizado de trabalho missionário;
  • Espírito de louvor e ação de graças;
  • Manifestação do poder do Espírito Santo.

Aliás, o Espírito Santo não é um prêmio para quem faz a reforma. Ele é o Agente operador da reforma, e sua maior característica.

“Em visões da noite passaram perante mim representações dum grande movimento reformatório entre o povo de Deus. Muitos estavam louvando a Deus. Os enfermos eram curados, e outros milagres eram operados. Viu-se um espírito de intercessão tal, como se manifestou antes do grande dia de Pentecostes. Viam-se centenas e milhares visitando famílias e abrindo perante elas a Palavra de Deus. Os corações eram convencidos pelo poder do Espírito Santo, e manifestava-se um espírito de genuína conversão. Portas se abriam por toda parte para a proclamação da verdade. O mundo parecia iluminado pela influência celestial. Grandes bênçãos eram recebidas pelo fiel e humilde povo de Deus. Ouvi vozes de ações de graças e louvor, e parecia haver uma reforma como a que testemunhamos em 1844.” – Testemunhos Seletos, v.3, 345.

B. Perigos a evitar

1. Contrafações diabólicas

Em todo verdadeiro reavivamento, Satanás busca interferir através de falsificações, logrando êxito relativo, muitas vezes. Deve-se cuidar com os dois extremos:

– De um lado, pela intromissão de corações não santificados e espíritos e mentes desequilibrados.

– De outro, corações sinceros, porém pouco esclarecidos, pensando estar combatendo algum inimigo da verdade, são encontrados resistindo ao próprio Espírito Santo.

“Em todo avivamento está ele [Satanás] pronto para introduzir os de coração não santificado e desequilibrados de espírito. […] Nenhuma reforma, em toda a história da igreja, foi levada avante sem encontrar sérios obstáculos.” – O Grande Conflito, 396.

“Desperte do sono o povo de Deus e inicie com fervor a obra de arrependimento e reforma; investigue as Escrituras para aprender a verdade como ela é em Jesus; faça uma consagração completa a Deus, e não faltarão evidências de que Satanás ainda se acha em atividade e vigilância.” –O Grande Conflito, 398.

2. Discórdia e fanatismo

A Igreja Adventista começou como um grande movimento e voltará a ser um grande movimento, agora de proporções globais. Este movimento, porém, não deverá ser um esconderijo para o fanatismo, e as diferenças e discórdias precisam ser eliminadas. O recebimento do Espírito Santo traz consigo o equilíbrio, a paz e a fraternidade.

“É chegado o tempo para se realizar uma reforma completa. Quando esta começar, o espírito de oração atuará em cada crente e banirá da igreja o espírito de discórdia e luta.” – Testemunhos Seletos, v.3, 254.

3. “Nova luz”

Até aqui não precisamos de algum outro profeta, de novos sonhos e visões; o que precisamos mesmo é viver o que os profetas do passado escreveram e falaram em nome do Senhor.

“Ninguém confie em si mesmo, como se Deus lhe houvesse conferido luz especial acima de seus irmãos. Cristo é representado como habitando em Seu povo.” – Testemunhos Seletos, v.2, 103.

Necessitamos, todavia, de um preciso discernimento espiritual a fim de distinguirmos a verdade do erro.

“Quando o Senhor opera mediante instrumentos humanos, quando os homens são movidos com poder do alto, Satanás leva seus agentes a exclamar: ‘Fanatismo!’ e a advertir o povo a não ir a extremos. Cuidem todos quanto a soltar esse brado; pois, conquanto haja conversões espúrias, não se segue daí que todos os reavivamentos devam ser tidos em suspeita. Não mostremos o desprezo que os fariseus manifestavam  quando disseram: Este homem recebe pecadores (Lucas 15:2).” – Obreiros Evangélicos, 170.

PARA REFLETIR
Você acha que a maneira como estamos vivendo é o bastante para acontecer um reavivamento na igreja?
Estaria a contrafação retardando o reavivamento ou só depende da igreja?

3. Uma mensagem a Laodicéia

Jesus repreende o Seu povo através de uma mensagem direta e firme, porém, cheia de amor e misericórdia.

“Ao anjo da igreja que está em Laodicéia  escreve: Isto diz o Amém, a Testemunha Fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Eu sei as tuas obras.” Apocalipse 3:14 e 15.

“A mensagem à igreja de Laodicéia é uma impressionante acusação, e é aplicável ao povo de Deus no tempo presente.” – Testemunhos Seletos, v.1, 327.

“Vi que o testemunho da Testemunha Verdadeira não teve a metade da atenção que deveria ter. O solene testemunho de que depende o destino da igreja tem sido apreciado de modo leviano, se não desatendido de todo. Tal testemunho deve operar profundo arrependimento; todos os que o recebem de verdade, obedecer-lhe-ão e serão purificados.” – Primeiros Escritos, 270.

“Conheço as obras que você realiza, que você não é nem frio nem quente. Quem dera você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, e não é nem quente nem frio, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca.” Apocalipse 3:15-16.

“A mensagem laodiceana aplica-se ao povo de Deus que professa crer numa verdade presente. A maior parte são professos mornos, tendo o nome, mas faltando-lhes zelo. […] Aplica-se a esta classe o termo ‘morno’. Professam amar a verdade, todavia são deficientes no fervor e no devotamento cristão. Não ousam desistir inteiramente e correr o risco dos incrédulos; não se acham, no entanto, dispostos a morrer para o próprio eu e seguir exatamente os princípios da sua fé. […] Não se empenham inteiramente e de coração na obra de Deus, identificando-se com seus interesses; mas se mantêm afastados, e estão prontos a deixar seus postos quando os interesses mundanos, pessoais o exijam. Carecem da obra interior da graça no coração.” – Testemunhos Seletos, v.1, 476 e 477.

“Seria mais aceitável para o Senhor que os membros mornos que professam a religião nunca se houvessem chamado pelo Seu nome. São um peso contínuo para os que desejam ser fiéis seguidores de Jesus. São pedras de tropeço para os incrédulos.” – Testimonies v.1, 188.

“Como dizes: rico sou, e estou enriquecido,  e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável,  e pobre, e cego, e nu.” Apocalipse 3:17.

“A mensagem  de Laodicéia se aplica aos adventistas do sétimo dia que têm recebido grande luz e não tem andado nela. São os que têm feito uma grande profissão, mas não se têm mantido em passo com seu Diretor, os que serão vomitados de sua boca a menos que se arrependam.”  – Mensagens Escolhidas v.2, 66.

“Aconselho-te”, diz Jesus, “que de Mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos brancos, para que vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez;  e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas.” Apocalipse  3:18.

A tríplice condição de Laodicéia – pobre, cego, nu – só pode ser curada através do tríplice e maravilhoso remédio do Céu:

  • Ouro purificado no fogo, para enriquecer;
  • Vestidos brancos para cobrir a nudez;
  • Colírio, para ver.

“O ouro aqui recomendado como tendo sido provado no fogo é fé e amor. Ele enriquece o coração; pois foi purgado até tornar-se puro, e quanto mais é provado tanto mais intenso é seu brilho.
“Os vestidos brancos são a pureza de caráter, a justiça de Cristo comunicada ao pecador. É na verdade uma vestimenta de textura celeste, que só se pode comprar de Cristo por uma vida de voluntária obediência.
“O colírio é aquela sabedoria e graça que nos habilita a distinguir entre o mal e o bem, e perceber o pecado sob qualquer disfarce.”
– Testemunhos Seletos, v.1, 477-488.

PARA REFLETIR
Quais sintomas de Laodicéia podem ser percebidos na sua igreja? E na sua vida?

4. Justificação pela Fé

“O que é justificação pela fé? – é a obra de Deus ao lançar a glória do homem no pó e fazer pelo homem aquilo que ele por si mesmo não pode fazer.” – Testemunho para Ministros, 456.

Em outras palavras justificação pela fé é:

– Reconhecimento da incapacidade e indignidade humanas de obter a salvação por méritos próprios; e isto, em completa humildade perante Deus.

– Aceitar pela fé a salvação que Cristo oferece gratuitamente, apropriando-se de Sua justiça, passando a viver em “paz com Deus” e “em novidade de vida” (Efésios 2:8 e 9).

“Todos pecaram  e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça. Justificados, pois, mediante a fé, tenhamos paz com Deus, por meio de nosso senhor Jesus Cristo.” Romanos 3:23,24; 5:1.

A justificação pela fé é o processo que envolve dois tipos ou fases de justiça: justiça imputada e justiça comunicada.

“É imputada a justiça pela qual somos justificados; aquela pela qual somos santificados é comunicada. A primeira é nosso título para o Céu; a segunda, a nossa adaptação para ele.” – Mensagens aos Jovens, 35.

A. Justiça imputada

– Creditada, recebida gratuitamente;
– Torna-nos justos perante Deus;
– Título ao Céu: justificado;
– Recebido pela fé;
– Obra repentina;
– Ocorre mediante a aceitação de Jesus Cristo como Salvador pessoal, seguida de arrependimento, confissão e abandono dos pecados.

B. Justiça comunicada

– Praticada, exercida pela fé;
– Preparo, idoneidade, adaptação ao Céu;
– Transformação paulatina do caráter: santificação;
– Obra progressiva, de toda a vida.

“A justiça de Cristo, Seu próprio caráter imaculado, é pela fé, comunicada a todos os que O aceitam como Salvador pessoal.” – Parábolas de Jesus, 310.

Conclusão

A salvação é gratuita, mesmo assim, ela não é operada na indiferença. Aqueles que aceitam a justiça de Cristo operam sua salvação com muita luta e esforço constante.

“Cristo, porém, não nos deu garantia alguma de que é fácil alcançar perfeição de caráter. Não se herda caráter perfeito e nobre. Não o recebemos por acaso. O caráter nobre é ganho por esforço individual mediante os méritos e a graça de Cristo. […] É formado por combates árduos e renhidos com o próprio eu. As tendências herdadas devem ser banidas por um conflito após outro. Devemos esquadrinhar-nos detidamente e não permitir que permaneça traço algum incorreto.” […]

“Ninguém diga: não posso remediar meus defeitos de caráter. Se chegardes a esta decisão, certamente deixareis de alcançar a vida eterna. A impossibilidade está em nossa própria vontade. Se não quiserdes não vencereis. A dificuldade real vem da corrupção de um coração não santificado, e da involuntariedade de se submeter à direção de Deus.” –Mensagens aos Jovens, 99.

Uma vez recebida a justiça de Cristo no coração, rompem-se as barreiras do impossível, e o cristão se torna um poderoso instrumento na mão de Deus. Este é o resultado de uma vida reformada pela fé no poder de Deus.

“Quando a alma se rende inteiramente a Cristo, novo poder toma posse do coração. Opera-se uma mudança que o homem não pode absolutamente operar por si mesmo. É uma obra sobrenatural introduzindo um sobrenatural elemento na natureza humana. A alma que se rende a Cristo, torna-se Sua fortaleza, mantida por Ele num revoltoso mundo. […] Uma alma assim guardada pelos seres celestes é inexpugnável aos assaltos de Satanás.” – O Desejado de Todas as Nações, 239.

PARA REFLETIR
Depois de estudar este assunto, você se acha uma pessoa reavivada, ou ainda é laodiceana?

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